Objetivo


quinta-feira, 17 de maio de 2012

CIDADE DE SALVADOR - PARA VIVER SALVADOR

Revista: DESFILE, N° 166, Julho de 1983

Reynivaldo Brito / Ana Maria Abreu
Fotos Desfile


                           Ver, ouvir, cheirar, saborear, sentir a Bahia


Um prazer indescritível, que você deve provar e repetir. Você já conheceu um pouquinho da beleza de Salvador, do clima único e da gente meiga através de nossas fotos de moda, e viu o artesanato e as comidas irresistíveis na reportagem. Agora, saiba como curtir tudo o que esta terra mágica tem para oferecer.

Não há um só artista baiano, seja ele escritor pintor ou compositor, que não tenha expressado seu amor pela Bahia nos mais rasgados elogios, senão ao longo de praticamente toda uma obra, como é o caso de Jorge Amado, Carybé, Dorival Caymmi e todos os compositores da nova geração, pelo menos em uma outra canção, um romance ou um quadro. Bairrismo? Um pouco talvez, mas quem já andou pelas antigas e ensolaradas ruas de Salvador, mergulhou nas águas claras e mornas de brancas praias, visitou Porto Seguro, onde aportaram às caravelas de Cabral, ou viu a dança das folhas dos coqueiros embalados pela brisa da lagoa de Abaeté, sabe que quem canta a Bahia tem toda razão. É a arquitetura colonial dos coloridos prédios que sobem a Ladeira do Pelourinho, é o barroco exuberante de igrejas como a de São Francisco, conhecida como “igreja de ouro”, é a presença e o cheiro do mar, é um certo e indefinível mistério que parece pairar no ar, é a alegria de um povo que faz do riso, da dança e do canto suas armas contra suas dores. É tudo isso e muito, muito mais, que encanta quem quer que visite a Bahia, como encantou a equipe de desfile.
Sendo talvez o estado mais marcado pela presença dos escravos trazidos ao Brasil, é na Bahia que a cultura brasileira mais foi influenciada pelos hábitos e crenças dos negros, como se ainda hoje lá ressoassem os tambores de uma África distante no tempo e no espaço. Além da comida baiana, praticamente inventada pelos escravos, outro exemplo da influência negra na formação do baiano é a religião. É só chegar em Salvador para sentir todo o misticismo que envolve um sentimento religioso profundo, mas certamente bem original. É como se na Bahia houvesse duas religiões oficiais, o catolicismo e o culto aos orixás africanos, não separados, mas coexistindo pacificamente, com a população tão devota ao Senhor do Bonfim quanto à lemanjá, a rainha das águas. E, como tudo o mais, também a religião para os baianos é uma festa. São as procissões e cerimônias de lavagem das escadarias da Igreja do Senhor do Bonfim, para as quais o povo se veste com seus trajes mais típicos, como as típicas saias rendadas das gordas baianas, são os cânticos acompanhados pelo som de instrumentos de origem africana para chamarem os “santos” nos terreiros de candomblé, é a importância da Mãe Menininha de Gantois, ialorixá de um dos terreiros mais populares, e reverenciada por baianos tão ilustres como Jorge Amado.
Terreiros abertos aos turistas informe-se de passagem. Mas todo esse sincretismo, ou seja, as consequências de artimanhas dos escravos para continuar adorando no Brasil seus deuses à revelia de seus senhores coloniais refletem-se não só nos hábitos da população, como é expresso concretamente no artesanato baiano, é evidente. Um exemplo são os belos colares das baianas, que na verdade são as chamadas guias, cada uma correspondendo a um orixá. Vocês puderam ter também uma idéia da versatilidade do artesão baiano. Na realidade, cada região da Bahia tem uma atividade artesanal diferente, mas os objetos confeccionados em cidadezinhas tão distantes quando Irará ou Caldas de Cipó são transportadas para locais de comercialização mais lucrativa através de uma estrutura montada pelo Instituto Visconde Mauá, autarquia ligada à Setrabes, cujo secretário, Rafael de Oliveira, informou que o órgão trabalha há 40 anos para incentivar e promover o artesanato baiano. Assim, mesmo que você não saia de Salvador, poderá adquirir qualquer tipo de trabalho na própria cidade, seja no Mercado Modelo ou no próprio instituto, que fica no Porto da Barra.

Outra atração bem baiana é a capoeira, que apesar de já ter chegado pelo menos ao Rio de Janeiro, segundo historiadores teria nascido também nas senzalas da Bahia. Não é preciso maiores informações para quem quiser assistir a uma roda de capoeira, pois em Salvador ela é praticada em diversos pontos da cidade. Para quem não sabe, vale dizer que a capoeira é uma espécie de dança misturada à luta, com muita ginga de cintura e muito jogo de pernas, ao som principalmente do berimbau. Pelo menos nas exibições para os turistas a luta é simulada, mas ás vezes pode ser pra valer. Portanto, cuidado.

Outros instrumentos de origem africana hoje incorporada à música popular brasileira são os atabaques, uma espécie de tambor, o afoxé, cabaça com sementes em seu interior, o reco-reco, instrumento de madeira com superfície denteada tocado com uma vareta, o já popular pandeiro e o agogô. Note-se aqui que todos esses instrumentos são também feitos à mão, com muito carinho e uma boa dose de misticismo, já que usados principalmente para cultuar deuses dos candomblés.

Com tudo isso, com todas suas praias e todo seu imenso mar, não é de se estranhar que a Bahia seja hoje um dos maiores centros de turismo do país. Consequentemente, para atender ao incessante fluxo de brasileiros de outros estados e estrangeiros de vários países que querem ver e sentir de perto o que é que a Bahia tem, a rede hoteleira do estado alcançou considerável expansão. Mesmo em cidades do interior relativamente distantes da capital podem-se encontrar ótimos hotéis, mas, evidentemente, é em Salvador que se concentram os melhores e mais diversificados hotéis da Bahia. Você tem, portanto, muitas opções. Para quem quer conforto, luxo e atendimento perfeito a escolha pode ser o Salvador Praia Hotel, cinco estrelas, situado no belíssimo bairro de Ondina e que tem seus 170 apartamentos voltados para não menos bela baía de Todos os Santos. Outro aspecto justiça nossa recomendação: o restaurante do hotel, onde além das tradicionais comidas baianas, você encontra um cardápio internacional, com pratos preparados por requintados chefes de cozinha.
Outra saborosa opção para comidas regionais, e todos os pratos do mar é o Restaurante Solar do Unhão, um lugar belíssimo, onde a cozinha é tratada com muito carinho, e as sobremesas são simplesmente irresistíveis.
Você pode ir à Bahia por terra, mar ou ar – e, neste caso, a melhor opção são os jatos da Transbrasil, que possui os melhores horários de vôo dos mais diversos pontos do país para Salvador, e ainda oferece várias opções de planos de pagamento, além de organizar pacotes que incluem visitas a ilhas de Itaparica a ao Club Mediterranée, combinações com hotéis especiais, e toda uma assistência ao passageiro no que toca à estrada, informações etc. Mas se você quiser viajar pelo interior do estado, ou fazer qualquer tipo de excursão pelos principais pontos da própria Salvador, a melhor dica são os ônibus da Viazul, que oferecem o maior conforto e segurança.

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