Objetivo


quinta-feira, 29 de julho de 2010

CULTURA - ESQUECIMENTO

CRÔNICA
Reynivaldo Brito


Uma das manifestações dos jovens é chamar de velho quem esquece alguma coisa, sejam nomes de pessoas, ruas ou mesmo algum caso vivenciado no passado. “Você está velho!”. É a sentença que vem forte e avança sobre o interlocutor com uma onda destruidora.Porém, esquecer é uma vantagem do ser humano, porque o nosso cérebro vai apagando o que não interessa. Ele vai varrendo para algum lugar aquelas pessoas que a gente deixou de ver há alguns anos e fatos que não nos interessam de alguma forma. Lembro agora da música de Oswaldo Montenegro intitulada “A Lista”, quando ele pergunta por onde andam os amigos de dez anos atrás. É verdade, sumiram ou estão envolvidos em suas vidas e, nunca mais nos encontramos. Alguns até já deixaram este mundo em busca de um lugar mais tranquilo e talvez verdadeiro. Sempre esqueci as datas de aniversários de parentes, amigos e conhecidos. Tenho esta dificuldade em guardar datas de qualquer fato.Armazenar em minha memória estes números está mesmo fora de cogitação. Porém, quando começo a procurar no meu “google” particular , vão surgindo pedaços de lembranças que juntado-os termino por lembrar completamente ou quase ,de alguns fatos e pessoas que não vejo ou vi faz bom tempo. Agora, com a internet, esta utopia de guardar tudo em nossa memória virou realidade. Você pode armazenar não apenas nomes e datas, mas, também, imagens das pessoas e busca-las quando bem entender. Sabemos que os custos deste processo vem baixando a cada dia e que o quantitativo de informações aumenta geometricamente. São informações que ficam para sempre, porque elas são difíceis de serem deletadas, porque sites como o Wayback Machine são capazes de encontra-las, mesmo que você tenha apagado, em questão de segundos. Portanto, se você armazenou uma informação ou imagem que não quer mais, cuidado, ela pode voltar à cena a qualquer momento. Já o nosso cérebro esquece mesmo e, só vem à tona com um grande esforço e se você quiser. Enquanto na máquina um bom manipulador de informações pode resgatar seus segredos em poucos segundos. Diz o estudioso da sociedade da informação Viktor MayerSchöenberger , da Princeton University, que pelo “esquecimento , a nossa mente se alinha com o nosso passado, com nossas preferências do presente, tornando mais fácil a sobrevivência e a vida mais suportável. Esquecer nos ajuda a evoluir, a crescer, a seguir em frente – para aprender novas coisas”.Isto me faz lembrar a necessidade que a gente tem de esquecer maus momentos vividos como por exemplo um acidente, a perda de uma pessoa querida,maus tratos sofridos de qualquer espécie, uma agressão verbal ou física, ou seja tudo desagradável que apareceu em nossa frente. Imagino quantas pessoas más, inconvenientes e detestáveis a gente precisa esquecer e nos livrar o pensamento. Isto o nosso cérebro faz com maestria colocando-os num limbo qualquer nos livrando deste incômodo desnecessário. Assim a memória deixa lugar para os bons momentos, as boas ações, para as pessoas agradáveis que nos cercam, enfim, contribui para que levemos uma vida melhor possível. O armazenamento de tudo, de todo este lixo que às vezes nos batemos nas ruas ou nos lares vai sendo colocado no lugar que merece.Vejam o sofrimento de muitas pessoas públicas que num momento de infelicidade deixaram escapar algumas palavras ou frases infelizes, e mesmo imagens, como o caso do diplomata Ricupero, que não sabia que o microfone da televisão estava aberto; das muitas besteiras ditas pelo nosso presidente que prima pelo messianato; Ronaldo, o jogador, que declarou ser branco,e mandou uma dedada para uns mal educados que os insultava; assim poderemos ressuscitar no Google centenas delas que mancharam a vida e a carreira dessas e de outras pessoas.
Já o nosso cérebro nos ajuda a esquecer e perdoar.

terça-feira, 27 de julho de 2010

ARTE VISUAIS - MESTRE RESCÁLA VIDA DEDICADA Á ARTE

  ARTES VISUAIS
   Texto de Reynivaldo Brito



Era um mestre no seu ofício de pintor e o maior restaurador da Bahia.




Faleceu anteontem, ( dia 08 de janeiro de 1986) às 21 horas, na Clínica Ckeck-up. O professor João José Rescála foi sepultado às 17 horas, de ontem, no Cemitério Jardim da Saudade, com grande acompanhamento de seus alunos, amigos e parentes. Com o desaparecimento do mestre Rescála a Bahia perde não apenas o mais importante restaurador que, nos últimos anos, contribuiu significativamente para salvar grande parte do seu patrimonio cultural, mas também um artista invulgar e uma das pessoas mais ternas que já passaram pela Escola de Belas Artes. Um homem de espírito desarmado, doce, sempre disposto a transmitir aos novos e velhos companheiros de ofício os mistérios da arte de pintar. É conhecido que normalmente os mestres não ensinam a seus alunos o "pulo do gato", os segredos da profissão, porém isto não acontecia com o mestre Rescála que estava sempre despojado para repassar aos outros aquilo que aprendera no silêncio das sacristias das igrejas ou mesmo nos salões majestosos dos palácios. Paciente, ele trabalhava em silêncio, e na sua humildade nunca soube desfrutar de sua grandiosidade, porque faltou-lhe o que sobra em muitos – a disposição de buscar notoriedade. Conheci de perto o mestre Rescála e posso aqui atestar a sua docilidade, a sua disposição em falar sobre a sua obra, porém, com muita tranquilidade enquanto ia acendendo um cigarro atrás do outro. Era um artesão porque cuidava dos detalhes e dos materiais com a mesma dedicação daqueles artesãos que tanto nos fazem falta. Criterioso, sempre tinha uma palavra de alento para os jovens que se inquietavam com a demora do sucesso. Como um monge ia construindo o seu mundo pictórico. Rescála não pode ser visto apenas como um grande restaurador. Rescála era também e, principalmente, um pintor que soube como ninguém documentar a Bahia antiga com sua gente calma andando por ruas quase desertas. Sua obra é o reflexo da própria tranquilidade do mestre Rescála que orientou gerações e mais gerações.

PROFESSOR EMÉRITO

 Lembro-me quando em 1983 Dr. Jorge Calmon recomendara que queria uma boa cobertura de uma solenidade na Reitoria. Tratava-se da homenagem da UFBA àquele que dedicou grande parte de sua vida na formação de novos artistas. Assim das mãos do também já falecido, professor Fernando Macedo Costa o mestre João José Rescála, aos 73 anos de idade, e 31 anos de ensino recebia o título de Professor Emérito. Foi uma sessão concorrida e o auditório da Reitoria estava repleto de ex-alunos, amigos e parentes. Uma homenagem justa, e contou com a aprovação unânime do Conselho Universitário, que homologara uma decisão da própria Congregação da Escola de Belas Artes. Coube a professora Ana Maria Leite da Silva, traçar o perfil do homenageado. Ela que recebera tantos ensinamentos do mestre não teve dificuldades de dizer em público que falava com grande emoção e alegria “do homem, do mestre, do restaurador e do grande amigo”. O mestre Rescála nasceu em 8 de janeiro de 1910, no Rio de Janeiro. Descendente de libaneses, enfrentou quando criança, as dificuldades e até discriminações no meio em que vivia, mas nada o afastou da sua inclinação natural de abraçar a arte.Por motivos financeiros não pôde ingressar na Escola Nacional de Belas Artes, porém, frequentou com assiduidade o Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro e, em 1928, já realizava a sua primeira exposição, ocasião em que recebeu a medalha de prata. Daí foi um trilhar de sucesso. Conseguiu por volta de 1928 entrar definitivamente na Escola Nacional de Belas Artes. Em 1931, participou do grupo que criou o Núcleo Bernadelli, contrário à discriminação e paternalismo que imperava naquela época nos chamados salões oficiais. Fico a lembrar como teria sido a participação do mestre Rescála, porque o seu temperamento não era próprio ao debate, às disputas. Preferia sempre trabalhar no silêncio do seu atelier e sempre recomendar um acordo, sempre disposto a acalmar os ânimos.

 NAMORADO DA BAHIA

Em 1937 com a obra “Retrato de meus pais”, recebeu o maior prêmio dado aos artistas naquela época. O prêmio de viagem pelo Brasil, tendo escolhido o Norte e Nordeste. Foi aí que começou sua grande paixão pela Bahia, tendo mantido contato com o diretor da então Escola de Belas Artes, Manuel Inácio de Mendonça Filho, que mais tarde o convidou para lecionar em Salvador. Portanto, o convite lhe foi feito em 9 de maio de 1952 para ocupar a cadeira de Teoria da Restauração e Conservação da Pintura. Ganhou a Bahia, porque nos anos que aqui viveu, o mestre Rescála foi um inimigo do descaso, dos cupins, das traças, dos insensíveis que estão a postos para destruírem as obras de arte. Como um Don Quixote de espátula e pincéis em punho ele ia calmamente restaurando e descobrindo beleza! Quantas e quantas pinturas estavam escondidas por baixo de grossas camadas de tinta e sujeira. O mestre Rescála ia removendo-as com carinho, com muito cuidado e competência.Ao lado deste trabalho ele cultivava a cátedra. Depois de concursos bem sucedidos, além de professor, foi diretor, vice-diretor, presidente de bancas examinadoras e chefe de departamento da Escola de belas Artes. Ainda na sessão solene quando recebeu o título de Professor Emérito da UFBA, ele disse ser um eterno namorado da Bahia. Lembrou de Mendonça Filho, que o convidou a viver aqui, ressaltou o desempenho da Escola de Belas Artes ao longo do anos, “dos seus relevantes serviços nos planos artístico e cultural desta terra.”Não esqueceu de seu velho companheiro Alberto Valença “de sensibilidade apurada, um dos maiores pintores contemporâneos do Brasil”.

NÃO SOU ACADÊMICO

 Ele reagia quando alguém o classificava de acadêmico. Quem conhecia sua trajetória pictórica e sabia dos seus ideais jamais o classificaria de um acadêmico, com todo o significado que esta palavra encerra. Ele foi um dos fundadores da Arte Moderna que acima de tudo foi um dos que produziu trabalhos visando à modernização da arte brasileira. Junto com Edson da Mota, Djanira, Da Costa, Jordan Oliveira, Miguel Santiago e Pancetti o mestre Rescála foi um dos cabeças deste movimento modernista. Talvez por residir na Bahia, e estar, portanto, fora do grande mercado de arte é que sua grandiosidade ainda não foi espalhada em todo o país. Dizia que era professor por acaso. Modéstia do mestre, porque desde que freqüentava o Núcleo Bernadelli que muitos jovens o procuravam para saber como pintar. Disse-me certa vez que no Núcleo Bernadelli onde conheceu Pancetti, que era então sargento da Marinha, “nós exercitávamos pintar com modelos ao vivo e fazíamos muitos croquis para assim podermos dominar o desenho. Não acredito que alguém seja um grande pintor se não sabe desenhar”. Veja que lição para os jovens! Ninguém pode ser um grande pintor sem saber desenhar ! E, quantos andam por aí querendo ser pintor sem saber desenhar coisa alguma. Esta lição do mestre Rescála deve ser tomada com muita seriedade para que esses possam se dedicar ao desenho como o primeiro passo de uma carreira pictórica.Também ensinava que os jovens não devem limitar-se aos trabalhos da escola. “É preciso treinar, pintar e desenhar sem parar para dominar as formas e cores”. Falando sobre a arte brasileira e sobre um de seus expoentes Cândido Portinari, disse: “Quando iniciávamos o nosso núcleo recebemos muito apoio de vários setores renovadores do Rio de Janeiro. O Movimento Modernista ganhava corpo, também em São Paulo. Naquela época Portinari estava na Europa e quando retornou já havia acontecido a Revolução de 30 – lembrou Rescála. Os vitoriosos deram-lhe todo o apoio necessário para que prosseguisse o seu trabalho que resultou numa obra monumental”. Como podemos observar, o mestre Rescála foi testemunho de grande parte da história recente da arte brasileira e um de seus protagonistas. Sempre esteve longe das trombetas e das noites grã-finas. Preferia o seu atelier e o convívio da sua família. Disse certa vez, “esta história de que sou acadêmico é maldade que fazem comigo. Eu já passei por várias fases e hoje faço uma arte que tem uma personalidade própria. Uma pessoa que entende de arte – argumentava – é capaz de identificar um quadro de minha autoria. Isto é importante para o artista. A personalidade de sua obra.Mas eu nunca poderia ser uma acadêmico, pois além de fundados do Núcleo Bernadelli que incentivou e produziu obras modernistas, também participei do Salão nacional de Arte Moderna que era onde as expressões mais importantes do modernismo brasileiro expunham os seus trabalhos”. O mestre Rescála deixou transparecer, numa entrevista publicada em A Tarde em 1976, o seu protesto quanto à procura gratuita do sucesso: “Ganhei vários prêmios nestes salões e deixei de participar porque estava pornográfico. Estão confundindo arte moderna com pornografia. Uma fotografia de uma revistinha dinamarquesa funciona muito melhor, se o problema é o erotismo. Acho esta tal de arte erótica uma imoralidade e muitos talentos estão sendo desviados. Aqui na Bahia temos exemplos que são de conhecimento de todos...

SEU GRANDE IDEAL

 Além do ensino e da restauração, Rescála se deliciava com a pintura. Dizia que era o seu grande ideal. “Jamais deixei e não deixarei de pintar”- sentenciou certa vez, e assim prosseguiu até a hora de sua morte. Mesmo doente continuava pintando. E, é preciso que as gerações futuras vejam em Rescála , em primeiro lugar, o grande pintor que ele foi e depois o restaurador e o mestre. Sempre que podia chamava a atenção para não confundirem a sua obra como de cunho acadêmico. “Pinto ou faço uma arte mais objetiva onde surge com grande força a figuração, mas nunca me chamem de acadêmico. O que sou na realidade é um pintor de costumes, um realista lírico. O realismo se faz de várias formas e eu tenho a minha própria. Agora, quando faço retratos quero ser acadêmico, isto não desmerece ninguém. Porque o retrato é a documentação que faço e tem que ser parecido com as pessoas que pinto”. E abria o seu leque mostrando quanto era democrata, quanto de bom ele era e como defendia o direito de cada um ser aquilo que deseja ou fazer aquilo que mais o agrade. “Quanto ao meu conceito de liberdade de expressão é abrangente. O artista pode ser moderno ou acadêmico ou clássico porque ele escolheu esta opção . É um problema individual, de sentimento. Se não faz o que gosta é um falso. É dentro deste pensamento que realizo o meu trabalho. Meus quadros são concebidos nesta linha de pensamento e ação.”

 O CIDADÃO

- Outra homenagem que lhe prestaram os baianos foi a concessão do Título de Cidadão de Salvador pela Câmara Municipal em 1982. Foi uma cerimônia informal em sua residencia que o carioca de nascimento recebeu a homenagem dos baianos que tanto os admiram. Trinta anos de Bahia, já era tempo de mudar de cidadania. E no dia, com a sua doçura, mostrava-se preocupado em informar ou esclarecer a todos, especialmente aos jornalistas presentes que estava recebendo a homenagem em casa por recomendação médica. A doença já prejudicava suas ações e seus parentes estavam, de certa forma, preocupados para que ele não se emocionasse com muita intensidade. O velho coração do mestre já estava cansado de tanta emoção, já estava aos poucos diminuindo as suas atividades.

 OS DEPOIMENTOS DE SEUS ALUNOS E AMIGOS:

SANTE SCALDAFERRI : Rescála era um homem manso. Um excelente professor e a Bahia deve não apenas na parte cultural do patrimônio, mas acima de tudo as suas técnicas. Era nosso consultor. Ainda guardo um caderno de suas observações que sempre estou consultando quando tenho dúvidas. E complementa : “A técnica da encáustica que uso para fazer os meus trabalhos me foi ensinada pelos mestre Rescála. Seu desaparecimento deixa uma lacuna muito grande na Bahia cultural”.

CALASANS NETO: Não fui aluno do mestre Rescála, mas durante o período que utilizava o atelier de gravura da antiga Escola de Belas Artes que funcionava na Rua do Tijolo, a sala de gravura ficava vizinha da sala de restauração onde ele trabalhava. Aí tive a feliz oportunidade de conhecer um dos homens mais competentes dentro do seu ofício, fazendo um trabalho que eu não conhecia, um trabalho que só as pessoas abnegadas e providas de espírito superior conseguiram fazer que é a restauração. Por intermédio desta vizinhança conheci um pintor que desassociava a sua arte de restaurador a de criador, que era o mestre Rescála. Convivi alguns anos junto a ele e pude sentir a grandiosidade não apenas do criador, mas do ser humano que ele era. Sempre gentil e nunca escondendo aos alunos os mistérios do seu ofício.

CARYBÉ:Rescála era uma pessoa que mais mereceu o título de mestre. Foi como pessoa, como artista e como professor um exemplo para as futuras gerações. Começou com Pancetti na arte moderna, não do ano de 1922, mas no movimento modernista do fazer, do realizar através do seu próprio ofício. Ele foi um dos que deram força ao modernismo, responsáveis por seu prosseguimento no Núcleo Bernadelli, do qual foi fundador, e de lá saiu para restaurar e salvar o patrimônio da Bahia. Era um grande técnico e a ele devemos a ressurreição do Convento de Santa Teresa, do Solar do Unhão, de palácios e muitas igrejas. Ele sabia restaurar e pintar como ninguém. Era um homem doce. Sempre pronto para responder com civilidade e carinho a qualquer dúvida. Diversas vezes o procurei para tirar dúvidas e sempre recebia lições. Cada consulta era uma aula de técnica e sabedoria.

MIRABEAU SAMPAIO: O velho Mirabeau Sampaio ainda não sabia da morte de seus amigo Rescála. Na qualidade de jornalista lhe telefonei para tomar o seu depoimento, na certeza de que ele já tinha recebido a triste notícia. Porém, Mirabeau continuava falando como se ele estivesse vivo. Daí perguntei se tinha sabido do ocorrido e Mirabeau entristeceu. A voz ficou um pouco embargada e disse: “Vejo o mestre Rescála com muito respeito. Era um grande técnico e mais do que isto um grande artista! Nada de improvisação na sua obra. Tudo era feito com responsabilidade. Sabia como ninguém a arte de pintar. Só se pode fazer elogios ao mestre Rescála! -desabafou Mirabeau. "Eu admirava muito ele. Não havia uma pessoa de tão boa vontade e tinha muito que transmitir. Tinha alegria quando a gente telefonava para esclarecer uma dúvida.”.

 CARLOS BASTOS:Tinha muita admiração por Rescála. Lembro que uma empresa o chamou para fazer a restauração dos dois painéis de minha autoria e nunca lhe pagou. Ele recebeu aquela atitude condenável com resignação. Uma vez pintei o seu retrato no painel da Assembléia Legislativa, mas o fogo devorou tudo. Acho que ele era mais um restaurador que pintor e assim formou uma escola de bons restauradores baianos. Como pessoa humana era sensacional, uma doçura de pessoa.

JACY BRITO ( MARCHAND ): Por várias vezes Jacy fez exposições com trabalhos de Rescála. Para ela o mestre deixa uma perda indiscutível para a Bahia. Trabalhava na discreção, no silêncio. Quantas coisas importantes foram salvas por Rescála! Professor de várias gerações artistas. Não tinha as trombetas do sucesso tocando para ele, embora fosse um dos grandes mestres da pintura da Bahia. Como professor, o que ensinou a várias gerações vai permanecer para sempre.

 ZIVÉ GIUDICE: O professor Rescála era uma dessas pessoas carismáticas. Detinha a sabedoria do tempo e sempre assediado pelos alunos curiosos, a resgatar-lhes as dúvidas. A sua presença na Escola de Belas Artes da UFBA. Sempre tranqüila e disponível, conferia àquela instituição conceitos que só os grandes mestres conseguem.

IVO VELLAME: O professor Ivo Vellame colega do magistério de Rescála também ressaltou as qualidade do mestre dizendo: “Estou muito sentido com o desaparecimento do professor Rescála. Ele era uma dessas figuras raras, que de vez em quando surgem na terra. Além de ser um mestre no seu ofício de pintar era uma criatura humana indescritível. Sempre atento para servir, sempre tinha uma palavra de carinho para com aqueles com quem convivia. A Bahia perdeu um grande mestre da restauração e da pintura. Mas suas obras serão perpetuada porque é grandiosa.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

IMPRENSA - DIPLOMA NECESSÁRIO

OPINIÃO / IMPRENSA
Texto de Reynivaldo Brito
Foto Google

Até hoje não entendo porque alguns órgãos de imprensa sulistas são contra o diploma para jornalistas. Há muitos anos que fazem campanhas pela não obrigatoriedade do diploma, como se isto fosse resolver o problema da imprensa brasileira. O que existe, na realidade, de mais grave, é a partidarização de muitos jornalistas com ou sem diploma. A não exigência do diploma significará a entrada, para os quadros da imprensa, de apaniguados de diretores de jornais e outros veículos de comunicação.
Quando comecei, encontrei muitos atuando no jornalismo baiano que não possuíam diploma, mas, acompanhei a mudança de comportamento e de atuação com a chegada dos novos profissionais diplomados. A universidade dá uma visão mais ampla da vida e do mundo , muito embora depende da individualidade se o cidadão vai ser um profissional qualificado. 
Na foto vários jornalistas na cobertura do julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal.
Sabemos que os ficha-suja do Congresso Nacional, não perdem tempo em atuar contra os jornalistas, que sempre estão incomodando-os atrás de suas falcatruas. Vejam que aprovaram, rapidinho, a não exigência do diploma e o caso foi parar nos tribunais, resultando naquilo que já sabemos.
Este exército de pessoas sem compromisso com o jornalismo, vai encher as redações. São advogados, médicos e muitos outros profissionais frustrados em suas carreiras que se arvoram de jornalistas. Conheci muitos deles e sei como atuavam. Faziam do jornalismo um bico ou um trampolim para se promoverem, em detrimento dos verdadeiros profissionais.
Portanto, o que precisamos é fortalecer os cursos de Jornalismo, exigir a volta da obrigatoriedade do diploma e denunciar os bicões que aparecem travestidos de jornalistas.

ATUALIZAÇÃO
No dia 7 de agosto de 2012 o Senado aprovou por 60 votos a 4  , em segundo turno, a Proposta de Emenda Constitucional ( PEC ) que torna obrigatório o diploma de nível superior em jornalismo para o exercício da profissão. Sabemos que esta votação é uma resposta ao Supremo Tribunal Federal ( STF) ,que por sua decisão  de 9 de junho de 2009,  derrubou a necessidade do diploma. Agora a votação vai para a Câmara  Federal. Esperemos que seja aprovado .

quinta-feira, 8 de julho de 2010

CIDADE DE SALVADOR - É HORA DE REATIVAR O AEROCLUBE

OPINIÃO
Reynivaldo Brito

O Aeroclube é um dos locais mais privilegiados de nossa Cidade e foi abandonado pelas autoridades municipais e estaduais. Desde que teve suas obras de reforma embargadas por um grupo de pessoas, que o Governo do Estado e também a Prefeitura Municipal, têm feito pouco ou quase nenhum esforço para resolver àquela pendência que está na Justiça. Agora, vejo que o Ministério Público Estadual quer ouvir, nos próximos dias, os dirigentes da Associação dos Dirigentes do Mercado Imobiliário da Bahia - Ademi-Ba sobre a denúncia de chantagem a que a associação foi submetida. O promotor, Marcelo Guedes, disse que ainda está analisando a documentação.
Ora, o Aeroclube foi embargado devido a uma ação popular movida por um grupo de pessoas que depois envolveu algumas ongs e outras entidades sérias, levando muitos pequenos lojistas à falência e, prejudicando a população que perdeu uma importante área de lazer. Nos finais de semanas milhares de pessoas, sendo a maioria famílias, lotavam o Aeroclube para levar seus filhos .
Mas, voltando ao caso da Ademi , que é uma associação forte, está responsabilizando na Justiça os autores de ações, muitas vezes duvidosas , que visam impedir novas construções na cidade. Porém , os pobres lojistas do Aeroclube como não têm uma associação forte e nem contam com o Governo do Estado e a Prefeitura para defendê-los, estão quase todos falindo. O Governador Jacques Wagner, nunca deu uma só palavra acerca do Aeroclube. Parece até que ele continua com os olhos voltados para a praia de Copacabana.

sábado, 3 de julho de 2010

ESPORTE - QUATRO SALSICHÕES


OPINIÃO
Reynivaldo Brito

Vibrei, como a maioria dos brasileiros, com o chocolate que os arrogantes argentinos de Maradona tomaram dos frios alemães. Não diria que foi um jogo bonito, mas eficiente, sim. Só que os argentinos não se aperceberam que eles têm um time furado, com alguns craques que jogam na sua individualidade. Nem os beijinhos rídiculos e exibicionistas, do baixinho e gorducho Dom Diego, conseguiu uni-los em campo. O futebol não é mais segredo na Asia, na África, na Oceania ou em qualquer outro canto deste Globo. Tudo agora é gravado, estudado e copiado. Sabemos que os japoneses gostam de copiar tudo, e veja o trabalhão que eles deram nesta Copa do Mundo.
Os argentinos, com seu visual da década de 60, ainda estavam dançando o tango quando os alemães chegaram com sua bandeja de salsichão com mostarda. Foi um vexame geral e, mal eles comemoravam a derrocada da nossa Seleção frente a Holanda, por 2 X 1, se engasgaram com os salsichões e, olhe que foram quatro! Pelo tamanho devem ter feito um estrago danado nas terras portenhas.
Ainda bem que não seremos castigados com a anunciada nudez de Dom Diego, na principal avenida de Buenos Aires, caso conquistasse esta Copa.